No mercado chileno, assim como em outros países mais desenvolvidos, existe uma gradativa migração das vendas das lojas mais tradicionais, as pequenas lojas de alimentação, para os hipermercados, supercenters e supermercados.A estimativa é que no período de 1994 a 2003 a participação dos super e hipers na distribuição dos chamados produtos de consumo massivos tenha crescido de 49% para 60%, enquanto no mesmo período houve queda na participação das lojas tradicionais de 33% para 20%.A participação dos diversos formatos no segmento de alimentação se divide entre os 65% dos supermercados tradicionais, 32% de hipermercados (um número sob qualquer critério bastante alto) e 3% das lojas de conveniência, com tendência de alta desse último, dentro da mesma perspectiva do mercado brasileiro, onde a pressão do tempo tem criado mais oportunidades para esse segmento.Os principais operadores do segmento são os grupos D&S, com suas bandeiras Líder, Líder Vecino, Líder Express, Ekono e Carrefour, herdeiro que foi na saída da rede francesa, com uma participação consolidada de mercado de 35%.O grupo Cencosud é a segunda maior participação na área de alimentos, com estimados 22% e um total de 543 lojas, operando 35 hipermercados Jumbo (29% da receita total do grupo), 118 supermercados Santa Isabel e 239 supermercados Disco e Vea, que representam 30% do faturamento do grupo. Na área de não-alimentos, opera ainda 50 home centers Easy, representando 9% do faturamento do grupo; 24 lojas de departamentos Paris, com participação de 22% na receita consolidada; 20 shopping centers e sete Aventura Centers, que, juntos representam 2% da receita total; além de mais 50 agencias do Banco Paris. O segmento de Cartões de Crédito e Seguros, comercializados nas lojas e agencias bancárias, representa 8% da receita total.No segmento de alimentação, as demais redes detêm participação significativamente menor, sendo que as duas maiores somam 57% e o mais próximo depois, San Francisco, tem 3,2%, seguido por Unimarc (3,1%), Rendic (3,1%) e Montecarlo e Montserrat, ambos com 2,7%.Um elemento marcante no varejo chileno é a grande participação de produtos importados na oferta do varejo.Com uma indústria pouco representativa e o equilíbrio da balança comercial vindo das exportações massivas, principalmente de cobre, frutas e vinho, no varejo desenvolveu-se a competência na gestão de compras e abastecimento no mercado internacional, em especial na China. E destaca-se o volume de produtos ofertados nas lojas, em especial de não-alimentos, com origem no mercado chinês, o que significa preços altamente competitivos com o mercado norte-americano, provavelmente o mais competitivo mercado varejista mundial, e significativamente mais baixos quando comparados aos preços praticados no mercado brasileiro.Outro ponto que se destaca é a participação dos cartões de crédito do varejo.O primeiro cartão de crédito chileno foi lançado por uma varejista, Almacenes Paris, e hoje a maior participação dos cartões ainda é das marcas de lojas.A penetração dos cartões de varejo de lojas varia de 89% nas classes mais baixas a 97% na classe média, com 92% na classe alta. Enquanto isso, os cartões de bancos têm uma penetração de 14% nas classes mais baixas, 59% na classe média e 90% na classe alta, confirmando a inegável vocação dos bancos para trabalhar predominantemente com os segmentos de mais renda.A perspectiva de operações no Brasil é sem dúvida considerada por alguns grupos (em especial Falabella e Ripley), mas a todos marca a fracassada experiência da rede de farmácias Ahumada, na qual a Falabella tem 20% de participação no capital. A empresa operou durante alguns anos no Paraná e em Santa Catarina e finalmente vendeu suas operações para os administradores locais, realizando o prejuízo da fracassada tentativa.Sem dúvida, os varejistas brasileiros têm muito para aprender com o atual estágio do varejo chileno mas, se quiserem se expandir pelo mercado sul-americano, os chilenos também terão muito para aprender com o varejo brasileiro.
Um abraço a todos.



